Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Segunda, 25 de Novembro de 2024

Mulher que perdeu marido com Parkinson desenvolve capacidade de ‘cheirar’ a doença

22/10/2015

O marido de Joy Milne, Les, morreu em junho, aos 65 anos. Ele trabalhava como anestesista antes de ser diagnosticado com Parkinson, aos 45 anos.

Mas bem antes do diagnóstico, Joy notou que algo havia mudado com seu marido - seis anos antes, para ser mais preciso.

"O cheiro dele mudou. Não foi de repente, foi muito sutil - ele ficou com um cheiro almiscarado."

Joy só relacionou este odor à doença após passar a frequentar a instituição de caridade Parkinson's UK e conhecer pessoas com o mesmo cheiro característico.

Por um acaso total, ela mencionou isso enquanto conversava com pesquisadores. Eles ficaram intrigados - até hoje, não existe um exame preciso para diagnosticar Parkinson.

A Universidade de Edimburgo decidiu testá-la - e ela foi muito precisa.

Tilo Kunath, pesquisador associado da Parkinson's UK na escola de ciências biológicas da universidade, foi um dos primeiros a conversar com Joy.

Precisão

"A primeira vez em que testamos Joy, usamos seis pessoas com Parkinson e seis sem. Todas usaram camisetas brancas por um dia, que depois foram dobradas e empacotadas. A tarefa dela era dizer quem tinha Parkinson e quem não tinha", conta.

"Ela acertou 11 de 12. Ficamos muito impressionados."

Segundo ele, Joy acertou todos os com Parkinson, mas insistiu que uma das pessoas do grupo de controle também tinha a doença.

"Mas era o grupo de controle, então ele não tinha Parkinson. Segundo ele - e também segundo a gente - ele não tinha Parkinson", diz.

Mas os pesquisadores foram surpreendidos meses depois.

"Oito meses depois, ele informou que havia sido diagnosticado com Parkinson. Então Joy não estava certa apenas em 11, ela acertou os 12."

"Isso nos impressionou muito e fomos investigar o fenômeno."

Exame

Pesquisadores acreditam que mudanças na pele de pessoas com Parkinson produzem um odor específico.

Eles esperam encontrar a "assinatura molecular" responsável pelo cheiro e então desenvolver um teste simples para coletar amostras passando um cotonete na testa da pessoa.

Agora, a ONG Parkinson's UK está financiado pesquisadores em Manchester, Edimburgo e Londres para estudar cerca de 200 pessoas com e sem Parkinson.

Um teste simples para Parkinson poderia ter um grande impacto, segundo Katherine Crawford, diretora na Escócia do Parkinson's UK.

"Esse estudo tem o potencial de transformar a vida de pessoas que têm Parkinson", disse.

"É uma doença incrivelmente difícil de diagnosticar. Na prática, ainda a diagnosticamos da mesma forma que o doutor James Parkinson fazia em 1817, ou seja, observando as pessoas e os sintomas."

"Um teste de diagnóstico poderia agilizar isso, permitindo que as pessoas fossem ao médico, fazer um exame e sair com um diagnóstico de Parkinson."

Segundo ela, isso seria "absolutamente incrível e mudaria a vida deles imediatamente."

"Eles e os profissionais poderiam discutir e combinar um programa de tratamento, conseguir monitorar o progresso da doença e tratá-la de forma apropriada. Também poderia dar mais oportunidades para que pessoas vivendo com Parkinson se envolvessem na pesquisa."