Hábitos saudáveis podem ajudar a prevenir o câncer de mama
O mês de outubro é marcado, desde 1991, por ações de conscientização e prevenção do câncer de mama pelo diagnóstico precoce em todo o mundo. A ação foi iniciada nos Estados Unidos e oficializada pelo Congresso Americano. De lá pra cá, o ‘Outubro Rosa’ – o nome remete à cor do laço que simboliza a luta contra o câncer de mama – se popularizou e alcançou o mundo todo, provando que a prevenção é a maior defesa da mulher. O câncer de mama é a doença que mais mata mulheres no Brasil.
Segundo estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde), são registrados 1,38 milhões de novos casos de câncer de mama e 458 mil mortes pela doença por ano no mundo todo. No Brasil, o Ministério da Saúde estima 52.680 casos novos em um ano, com risco estimado de 52 casos a cada 100 mil mulheres. A Sociedade Brasileira de Mastologia aponta que uma a cada 12 mulheres terá tumor nas mamas até os 90 anos de idade.
Embora os homens também possam ser acometidos por essa doença, as mulheres são as principais vítimas. “Existem diversos fatores de risco que podem ajudar a diagnosticar a doença: o histórico familiar, quando a mulher corre um sério risco em desenvolver a doença se dois ou mais parentes de primeiro grau teve ou têm câncer de mama; idade, já que mulheres entre 40 e 69 anos são mais propensas; menstruação precoce; obesidade; colesterol alto; ausência de gravidez; reposição hormonal; entre outros”, explica a ginecologista e obstetra Érica Mantelli.
Diagnóstico
O exame clínico da mama é indicado para mulheres com menos de 49 anos. Ele é realizado por um médico e pode detectar caroços de até 1 cm. Já a mamografia é uma radiografia da mama que detecta lesões em fase inicial. Ela é realizada em um aparelho de raio X apropriado, que comprime a mama de modo a fornecer melhores imagens. “Apesar do desconforto provocado, esse exame causa uma redução de até 30% na mortalidade das mulheres acima dos 50 anos. Ele deve ser feito por mulheres a partir dos 40 anos a cada ano ou de acordo com as prescrições do médico”, diz a ginecologista.
A maioria dos tumores de mama, quando estão no início, não apresentam sintomas, o que faz com possam passar despercebidos. Ao fazer o autoexame das mamas, se a mulher sentir o nódulo ao toque é sinal de que ele tem cerca de 1 cm. Por isso, é importante fazer o autoexame frequentemente e recorrer aos exames preventivos na idade adequada.
O nódulo, no entanto, não é o único sintoma do câncer de mama. Segundo a obstetra, vermelhidão na pele, alterações no formato dos mamilos e da mama, secreção escura saindo pelo mamilo e pele enrugada, com o aspecto de uma casca de laranja, também devem soar como um sinal de alerta para a doença que acomete as mulheres de diferentes faixas etárias no mundo todo.
Normalmente associado às idades mais avançadas, o câncer de mama não preocupa tanto as mulheres mais novas. Mas, especialistas alertam para a necessidade de mudar esse pensamento pois ele tem atingido cada vez mais mulheres com menos de 35 anos.
É o caso da empresária Marina da Rocha Souza, 35, que descobriu o câncer de mama quando tinha apenas 33 anos. “Eu descobri que estava com câncer quando minha primeira filha estava com um aninho. Então foi um momento bem complicado para mim. Um dia, estava tomando banho e fiz o autoexame, quando identifiquei um caroço no seio esquerdo. Imediatamente marquei consulta com minha ginecologista e ela disse que era praticamente impossível ser câncer, já que eu não tinha histórico na família e fazia os exames sempre. Ainda assim, ela pediu uma mamografia que confirmou: era câncer”, contou. “Depois disso minha vida mudou completamente… Mas eu tive duas opções: cuidar de mim ou não ver minha filha crescer. A mastectomia foi o momento mais difícil para mim. Até o momento em que entrei na sala de cirurgia, o médico disse que tentaria não retirar toda a mama. Quando acordei, vi que a mama precisou ser retirada por inteiro e desabei”, completou.
A administradora de empresas Gisele Soares, 46, recebeu a notícia de que estava com a doença em 2013. Durante uma consulta de rotina com sua ginecologista, recebeu a orientação para fazer uma biópsia. “Eu estava vivendo normalmente, cuidando dos meus filhos, marido, trabalhando na profissão que amo… Em um dos exames de rotina com minha ginecologista, ela identificou um nódulo na mama direita e me orientou a fazer o exame. Demorei uns dois meses até ter coragem de fazer, com medo do resultado – o que hoje eu sei que foi um grande erro da minha parte, pois quanto antes iniciamos o tratamento, maior a chance de cura. No fim, ele acabou apontando o que eu tanto temia”, lembrou.
Segundo Gisele, o mais difícil após o diagnóstico foi passar horas imaginando o que seria de seu futuro. “Fiquei pensando se meus cabelos iriam cair, quanto tempo eu teria de vida e o que precisava fazer antes de morrer. Mas com o tempo, esses pensamentos se tornaram determinação para me curar. Já que tinha que passar por isso, decidi ser forte e passar isso para meus familiares. Então parei de pensar no ‘amanhã’ e comecei a viver o ‘hoje’, com Deus no controle. Graças a Deus não precisei tirar toda a mama e, como meu tumor foi detectado no início, fiz só radioterapia. Por cinco anos tenho que fazer um tratamento de hormonioterapia e ir ao oncologista com frequência”, contou a administradora.
Prevenção
Se o câncer de mama for diagnosticado precocemente, as chances da cura chegam até 95%. Por isso é tão importante que todas as mulheres com idades entre 50 e 69 anos façam mamografia a cada dois anos.
Além disso, adotar um estilo de vida saudável, cuidar da alimentação e fazer atividade física com frequência também é uma medida de prevenção à doença.
Para prevenir a doença, segundo Érica, é imprescindível seguir hábitos saudáveis como evitar a ingestão excessiva de bebidas alcóolicas, controlar o peso, ficar atenta ao colesterol, praticar atividade física e controlar a alimentação. A médica ressalta que é importante o consumo de frutas, legumes, verduras e leguminosas (como feijão, lentilha e grão-de-bico), o que pode inibir a chegada de compostos cancerígenos às células e, ainda, modificar o DNA danificado. A recomendação é consumir, no mínimo, 400 g por dia de vegetais, sendo 2/5 de frutas e 3/5 de legumes e verduras. Outra medida recomendada por Érica é fugir dos enlatados, alimentos ricos em sal e evitar nitritos e nitratos.
Outra medida que significa prevenção é amamentar. Mulheres que amamentam seus filhos por, pelo menos, seis meses, têm cerca de 5% menos chances de desenvolver câncer de mama. Relaxar também é muito importante no contexto de vida saudável e estudos mostram que mulheres que vivem uma rotina muito agitada e estressante têm quase o dobro de chances de desenvolver câncer de mama.
Tratamento
Geralmente o tratamento é multidisciplinar e deve incluir a opinião de vários especialistas médicos, como o mastologista, radiologista, oncologista clínico e radioterapeuta, assim como enfermeira especializada, psicóloga, fisioterapeuta e assistente social. Todo o tumor na mama é retirado por cirurgia, que pode ser parcial ou total, seguida de radioterapia e/ou quimioterapia.
Marina diz que, se pudesse dar um conselho para outras mulheres que estão enfrentando a doença, seria: não desista. “Tente tudo, desde a medicina alternativa até o mais pesado dos tratamentos. Mesmo que você esteja passando pela pior fase da sua vida, acredite que tudo vai dar certo. Acho que o pensamento positivo é o que me ajudou tanto na recuperação”, aconselhou.