Quem deve tomar a iniciativa para o sexo: homem ou mulher?
No mundo atual, os códigos de quem toma a iniciativa para conduzir ao sexo não são mais padronizados. Se no passado cabia ao homem seduzir e propor o sexo e à mulher dizer sim ou não (ou dizer não querendo dizer sim, apenas para testar a perseverança masculina), hoje percebe-se um movimento de mulheres e homens em prol de tentar um equilíbrio.
Democratizar a demonstração do desejo certamente é um dos maiores avanços em termos de comportamento sexual. Mas é claro que na prática não funciona tão bem. Isso porque as mulheres ainda ficam confusas. No mundo machista, mesmo a mais moderna das fêmeas ainda treme diante da possibilidade de ser recusada.
Tomar a iniciativa
Lembro-me da sensação horrível de um longo silêncio após convidar um moço a subir para um chá, depois de um jantar agradável. Ele ficou uns 30 segundos me olhando e respondeu “um chá, sim”. Subimos comigo já derrotada antes de entrar em campo. Acabamos nos enrolando nos lençóis, mas não foi fácil tirar a ideia de que ele só estava ali para um chá.
E mesmo tendo passado um noite maravilhosa e o encontrado mais vezes, como é difícil tirar da cabeça que ele apenas entrou no jogo para cumprir a tabela!
A questão é difícil para os dois lados e, infelizmente, não tenho a solução. As mulheres temem a fama de “predadora” e reprimem o desejo de serem mais diretas, muitas vezes deixando de convidar o moço para o desfrute do prazer.
Aos homens, cabem as obrigações de se arriscarem à rejeição ou de acabarem na cama com quem nem estavam tão interessados, apenas para cumprirem o papel de macho.
E ainda tem os casos como o da amiga que, em uma viagem a trabalho, acabou subindo ao quarto do atraente colega para beberem uma cerveja antes de dormir. Solteiros, jovens, bonitos, ficaram conversando a noite toda e, cansados e ligeiramente alcoolizados, jogaram-se na mesma cama. Ela resolveu fazer carinhos e beijinhos e escutou “não funciona assim, minha bela”.
E como é que funciona? A bela não teve coragem de perguntar. Sentiu-se rejeitada e amargou o sentimento, guardando para si a frustração.
Precisamos nos desvincular dos tabus e dos estigmas. Homens também têm o direito de irem com calma, ou simplesmente não estarem a fim de nós, mas suplicamos: expliquem-nos como funciona!
Porque se há algo que nós mulheres admiramos nos meninos é essa capacidade ancestral de lidar com a possibilidade da rejeição, enquanto nós fomos moldadas para a sedução passiva, quase sem se comprometer.
Sou a favor da gentileza e da conversa. Quando temos um impedimento, convém sermos sinceros. Homens não têm obrigação de transarem com quem não querem e mulheres não são incompetentes porque um homem não quis fazer sexo com elas em algum momento.
Sexo bom é de comum acordo. E quem toma a iniciativa, independente de ser ou não bem-sucedida, merece nossos aplausos de pé.