Mulher revê enfermeira que tratou de suas queimaduras quando era bebê
Durante 38 anos, poucas fotos em preto e branco garantiram conforto a uma mulher que sofreu terríveis queimaduras quando era um bebê e que enfrentou anos de provocações na escola e dolorosas cirurgias.
As fotos mostram Amanda Scarpinati com apenas três meses de idade, com sua cabeça envolta em curativos e no colo de uma enfermeira. As imagens foram feitas para o relatório anual de 1977 do Albany Medical Center.
Quando bebê, ela havia rolado de um sofá e caído em um vaporizador com água fervendo. Uma pomada mentolada derretida escaldou sua pele. As queimaduras exigiriam diversas cirurgias reconstrutivas ao longo dos anos.
As fotos ajudaram.
“Quando era criança, desfigurada pelas queimaduras, eu era alvo de bullying e vivia sendo provocada, atormentada”, disse ela. “Eu olhava para essas fotos e falava com ela, mesmo sem saber quem ela era. Eu me confortava olhando para essa mulher que parecia tão sincera, se importando comigo”.
Scarpinati agora vive em Athens, cerca de 40 quilômetros ao sul de Albany, e trabalha como gerente de recursos humanos. Durante sua vida toda ela quis agradecer à enfermeira que demonstrou tanto carinho por ela, mas sequer sabia seu nome.
Ela tentou descobrir há 20 anos, sem sucesso. As fotos foram feitas pelo fotógrafo Carl Howard, mas os personagens não estavam identificados.
Com o incentivo de um amigo, ela tentou novamente este mês, postando as fotos no Facebook e pedindo ajuda.
“Em 12 horas elas tinham viralizado, com 500 mil compartilhamentos ao redor do país”, disse Scarpinati.
Ela obteve sua resposta em um dia: a jovem enfermeira de cabelos longos era Susan Berger, que tinha 21 anos na época. Angela Leary, uma colega de enfermagem que também trabalhava no centro médico, a reconheceu e enviou uma mensagem a Scarpinati, dizendo que Berger “era tão doce e cuidadosa quanto parece nessa foto”.
Preservados pelas fotos, os encontros entre elas na sala de recuperação pediátrica tiveram um impacto duradouro nas vidas de ambas.
“Eu me lembro dela”, disse Berger antes de as duas se encontrarem na terça (29). “Ela era muito tranquila. Geralmente, quando bebês saem de cirurgias, eles estão dormindo ou chorando. Ela estava simplesmente tão calma e confiante. Era impressionante”.
Berger tinha acabado de se formar na faculdade, e o bebê Amanda foi um de seus primeiros pacientes. Agora ela se aproxima do final de sua carreira, supervisionando o centro de saúde da Cazenovia College, na região de Finger Lakes, em Nova York.
As duas mulheres ficaram emocionadas ao se verem novamente na terça, soluçando e se abraçando enquanto diversas câmeras as fotografavam em uma sala de conferências de um centro médico.
“Oh, meu Deus, você é de verdade! Obrigada!”, disse Scarpinati.
“Eu é que agradeço”, respondeu Berger.
Caso ainda tenha alguma cicatriz, Scarpinati não as exibe, de seus longos cabelos escuros à tatuagem de borboleta acima de seu tornozelo. Berger também parece jovem e animada, com cabelos loiros na altura dos ombros, um pouco mais curtos do que usava em 1977.
“Estou muito feliz por encontrar Sue... nunca achei que esse dia chegaria”, disse Scarpinati.
Berger diz que se sente ainda mais abençoada.
“Não sei quantas enfermeiras teriam sorte suficiente para passar por algo assim, ter alguém que se lembre de você o tempo todo”, disse. “Sinto-me privilegiada por ser a representante de todas as enfermeiras que cuidaram dela ao longo dos anos”.
Um repórter perguntou se o encontro poderia ser o início de uma amizade para a vida toda.
Scarpinati tinha uma rápida resposta: “Já tem sido uma amizade para a vida toda. Ela apenas não sabia”.