Morte da bebê Sofia é alerta para que transplantes ocorram no Brasil
15/09/2015
A pequena Sofia, de 1 ano e 8 meses, se recuperava bem da cirurgia, mas teve uma piora e não resistiu. Foto: Facebook/Reprodução |
A morte de mais um bebê, a menina Sofia Gonçalves de Lacerda, de 1 ano e 8 meses, chama a atenção para síndromes raras que demandam transplantes multiviscerais e para a luta das famílias para que as cirurgias ocorram no Brasil. Os cerca de 40 bebês identificados com quadros graves como o de Sofia dependem do longo e sofrido processo de arrecadação de doações e de ajuizamento de ações na Justiça para tentar a transferência das crianças para o hospital Jackson Memorial, em Miami, Estados Unidos.
Ao custo de cerca de US$ 1 milhão, a esperança tem sido entregar os nenéns doentes nas mãos do médico brasileiro Rodrigo Viana, que já realizou mais de 100 transplantes multiviscerais em cinco anos, atuando naquele hospital norte-americano.
Nem sempre o médico brasileiro é capaz, porém, de garantir a sobrevivência dessas crianças. Depois de pedir um milagre pelas redes sociais para salvar a vida de Sofia, que havia sido submetida a um transplante de cinco órgãos e estava relativamente bem de saúde, a menina foi a única transplantada a perder a vida este ano no Jackson Memorial, conforme o advogado José Antônio Guimarães Fraga.
O tratamento ainda não é oferecido no Brasil, embora o país já seja autossuficiente em transplantes de córnea, coração, rins e até fígado. A cirurgia de transplante de diversos órgãos ao mesmo tempo (multivisceral) leva em torno de 30 horas e exige a dedicação de dezenas de profissionais. “Quem tem condição financeira consegue fazer a cirurgia no exterior, mas é muito difícil conseguir resultado”, afirma o gastropediatra Magno Veras, do Hospital Mater Dei.
Perto de completar um mês, Gabrielle Vitória, que tem a Síndrome do Intestino Encurtado, doença congênita que acomete até 3% dos bebês no Brasil, será o mais novo caso de briga na Justiça para liberar a realização da complexa cirurgia em Miami.
Assim que sair o laudo médico, a pequena Gabi terá reproduzida sua campanha de doações no Clique da Esperança, que reúne em uma mesma página as lutas de mais de 20 crianças brasileiras com os mais diversos problemas de saúde, geralmente com tratamento de alto custo, como a síndrome do intestino encurtado, caso de Pedrinho e Lavínia, de Minas Gerais.
A campanha Salve o Pedrinho arrecadou perto de R$ 40 mil, que estão bloqueados pela Justiça, enquanto a da Lalá conseguiu angariar fundos em torno de R$ 1 mil. “Nossa missão é tentar modificar a vida das pessoas, não apenas das que precisam de ajuda, mas principalmente daquelas que oferecem sua solidariedade”, afirma o criador do projeto, Fabio Laé de Souza. Qualquer valor a partir de R$ 5 pode ser doado. O valor é depositado diretamente na conta dos pais da criança e o doador pode acompanhar sua contribuição em tempo real no histórico de doações da criança.