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Segunda, 25 de Novembro de 2024

Mulher ofende PM negro no DF ao ser pega com maconha: 'Sua cor diz tudo'

21/07/2015

Flagrada usando drogas, uma mulher acabou presa no Distrito Federal por ofensas raciais ao policial negro que a abordou. "Você tem que se desfazer desse cigarro de maconha na minha frente, porque senão você vai levar para casa e vai fumar. A sua cor já diz tudo", teria dito ao policial. Ela também teria agredido e arranhado o pescoço de uma militar que tentou revistá-la. O caso aconteceu nesta sexta-feira (17), na região administrativa de Santa Maria.

A mulher, que é casada com um homem negro, estava na praça da QR 309 quando foi abordada. Além do cigarro de maconha, ela tinha uma pequena porção da droga. O sargento Antônio Vantuir Clemente de Souza conta que foi ao local depois de receber uma queixa.

"Fomos acionados para uma denúncia de que tinha um casal fumando tóxico, maconha. Quando eu a abordei, peguei o cigarro de maconha da mão dela. Fizemos o pedido de apoio de uma policial feminina para poder revistá-la, mas a viatura estava demorando a chegar. Aí ela me ofendeu", disse.

O militar conta que se assustou com o comentário e que reagiu. "Você está me chamando de 'negão' maconheiro?", questionou, antes de dar voz de prisão.

De acordo com o sargento, a mulher pediu perdão, mas voltou a fazer ofensas quando a policial chegou ao local e tentou revistá-la. O soldado Marcos Antonio Nogueira da Rocha, que testemunhou as agressões, afirma que a mulher não parava de provocá-los.

"Ela ficava: 'Tem crime mais grave acontecendo e vocês ficando atrás da gente aqui. Vou lá [à delegacia], vou sair antes de vocês, pela porta da frente, e ainda fumo um baseado na delegacia'. Estava de 'pirracinha'. Parecia que queria que a gente se alterasse, perdesse a razão", afirmou o sargento.

O sargento Antônio Vantuir Clemente de Souza, que conta ter sido ofendido por usuária de drogas no DF (Foto: Polícia Militar/Divulgação)O sargento Antônio Vantuir Clemente de Souza, que conta ter sido ofendido por usuária de drogas no DF (Foto: Polícia Militar/Divulgação)

A mulher teria se irritado com a chegada da PM que iria revistá-la e também a ofendeu. Ela foi imobilizada e conduzida até a 20ª Delegacia de Polícia, onde foi autuada por injúria racial e por porte de drogas. De lá, seguiu para o Presídio Feminino.

 

Em nota, a Polícia Civil informou que a PM arranhada no pescoço foi encaminhada ao Instituo Médico Legal. "Durante a abordagem a autuada desacatou aos policiais, ofendendo a sua integridade moral e menosprezando as suas atribuições", disse.

 

 

 

 

 

O sargento Antônio Vantuir Clemente de Souza disse ter se surpreendido com a situação. Ele também afirmou que foi a primeira vez que sofreu discriminação por causa da cor da pele.

"Eu tenho 22 anos de polícia, e nunca tinha acontecido isso comigo. A gente sente que o racismo existe, que até no meio mais sujo existe o preconceito. Se fosse um policial de cor branca, de olhos verdes, ela não tinha tomado essa atitude", declara.

De acordo com o Código Penal, a pena por injúria varia entre 1 e 3 anos de prisão. Se a investigação apontar que houve racismo, a suspeita pode responder pelos crimes previstos na Lei 7.716, de 1989. Há várias penas possíveis, entre elas prisão e multa. O crime de racismo não prescreve e também não dá direito a fiança.

Por meio do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação, o Ministério Público moveu 43 denúncias de injúria racial no primeiro semestre de 2015. O primeiro caso aconteceu em fevereiro, entre dois servidores do Hospital Regional da Asa Norte.