Exposição no Rio de Janeiro reflete sobre empoderamento da mulher negra
“Dupla jornada de trabalho, má remuneração, machismo, sexismo, abuso sexual, físico e moral, violação de direitos fundamentais, morte etc. Esses são os frutos que a sociedade patriarcal oferece às mulheres. Além de nos alimentarmos desses frutos, nós, mulheres negras, somos obrigadas a complementar nosso cardápio com um bocado de racismo”. Este é o trecho de uma das cartas que fazem parte da exposição Soul Black, da artista Nina Franco, carioca que atualmente vive na Grécia.
A mostra, em cartaz até 26 de julho no Sesc Ramos, no Rio de Janeiro, convida os visitantes a uma profunda reflexão sobre identidade étnica/racial e de gênero a partir de fotos e depoimentos de mulheres negras. Nina mescla experiências individuais dessas mulheres para refletir sobre questões sociais importantes: o machismo e o racismo.
Não é à toa que as modelos foram fotografadas de costas: ao contemplar as fotos e as mulheres, não é necessário ver seus rostos para identificar-se com elas. A exposição pretende fazer com que se reflita sobre a invisibilidade das mulheres negras na sociedade brasileira. Por isso é um trabalho de arte, política e estética.
“Nesta série, eu analiso a representação do corpo feminino pela fotografia e pelas cartas, que são baseadas em uma questão: 'Como você se sente sendo uma mulher negra em um país patriarcal e racista?'. Os parágrafos dessas cartas parecem ser monólogos, por isso decidi não mostrar os rostos. Embora cada pessoa tenha uma experiência própria, a história das mulheres negras é a história de todas”, afirma Nina em seu site.