“Se bate como homem, mulher tem que apanhar como homem”, diz deputado
“Mulher que bate como homem, tem que apanhar como homem também”, vociferou na noite desta quarta-feira (6) o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) durante sessão no Plenário da Câmara rebatendo acusações da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), em uma briga que havia começado com outro deputado, Roberto Freire (PPS-SP).
“Ninguém se pode prevalecer da condição de mulher para querer agredir quem quer que seja. E eu digo sempre que mulher que participa da política e bate como homem, tem que apanhar como homem também”, disse, sem conseguir terminar por causa da confusão que se formou em seguida, principalmente pelas intervenções de Feghali. “É isso mesmo. Não tem essa conversa de querer agredir. Quem agrediu foi a deputada”, continuou. Jandira, então, perguntou a Eduardo Cunha, presidente da Casa, se ele “iria permitir o discurso” de Fraga, mas foi contestada por Cunha. “Eu não posso censurar quem quer que seja, deputada”, afirmou. Em seguida, continuou Fraga: “Foi a deputada que pegou no braço do Roberto Freire, eu estava do lado e vi. Portanto, eu fico muito à vontade, não tenho e aqueles que são mais valentes me procurem depois aqui.
A briga começou depois que a deputada Jandira Feghali ameaçou denunciar o deputado Roberto Freire (PPS-SP) ao Conselho de Ética da Câmara durante uma discussão com Orlando Silva (PCdoB-SP). Na sessão de debate das medidas provisórias do ajuste fiscal, Freire tocou o colega com as mãos pelas costas, que reagiu: “Não toque em mim, não toque em mim”, gritou Orlando. Em seguida, Jandira Feghali, que estava ao lado de ambos, criticou Freire e o acusou de tê-la empurrado. Foi quando Fraga tomou o microfone para acusá-la de ter puxado o braço de Freire, ou seja, de tê-lo agredido.
Em seu perfil no Facebook, Jandira escreveu na madrugada desta quinta-feira (7) que vai acionar Fraga judicialmente. “Não baixarei a cabeça para nenhum machista violento que acha correto destilar seu ódio. A Justiça cuidará disto. E ela, sim, pesará sua mão”, afirmou ela, que também criticou o comportamento da Câmara nesta legislatura. “É assustador o que está acontecendo nesta Casa. Em trinta anos de vida pública jamais passei por tal situação. Em seis mandatos como deputada federal, onde liderei a bancada do PCdoB por duas vezes e enfrentei diversos embates, jamais fui sujeitada à violência física ou incitação à violência contra mulher”, disse.
Também no Facebook, Fraga se defendeu afirmando que, quando disse que “mulher tem que apanhar como homem”, se referia ao debate de ideias. “Eu me referia a apanhar no sentido político, no debate das ideias. Reafirmo uma postura que tem permeado minha vida pública e privada: não defendo e jamais defendi a violência contra a mulher ou contra qualquer pessoa”, escreveu. “Quem conhece a mim e a minha história, sabe que em minha trajetória jamais agredi mulher alguma. Tenho esposa e filha e jamais as destratei ou a qualquer outra mulher, as quais respeito e admiro, inclusive defendendo os movimentos feministas. Mas não vou deixar de dizer as verdades que precisam ser ditas, ainda que tenha que ser criticado por isso”, completou. Em um dos comentários, um rapaz afirmou que “mulher tem o lugar dela”, e teve a seguinte resposta do parlamentar: “Isso aí, ximbungo [sic]”.