Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sexta, 22 de Novembro de 2024

E agora o que falta, ANAC? Burocracia da ANAC prejudica economia do grande oeste

05/07/2012

 

As obras foram concluídas em prazo recorde e executadas dentro de rigorosos padrões técnicos, mas, enquanto a região aguarda ansiosamente a retomada das operações, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) exaspera a comunidade regional pela lentidão na tramitação interna do processo homologatório.
 
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), Maurício Zolet, avaliou que os prejuízos que a região sofreu e ainda sofre decorrem do cancelamento ou transferência de feiras e eventos, da redução do movimento hoteleiro em 42% e em milhares de negócios não realizados porque os investidores do Brasil e do exterior desistiram de viajar a Chapecó e ao oeste. Zolet exemplifica que a Mercoláctea, que deveria ocorrer no primeiro semestre, foi transferida, o que impediu negócios da ordem de R$ 85 milhões de reais.
 
O dirigente mostra que os serviços foram realizados em prazo recorde de 51 dias (a previsão era 75 dias), iniciados em 22 de abril e encerrados em 17 de junho. A cada dois dias a ANAC recebia relatórios e imagens para acompanhar o desenvolvimento da obra.
 
A queixa do presidente da ACIC reside na lentidão do órgão regulador federal. Depois de receber o comunicado oficial da conclusão das obras, a ANAC levou doze dias para enviar seus técnicos a Chapecó. “A comunidade oestina esperava mais rapidez, comprometimento e empenho da Agência”, relata Maurício Zolet.
 
As obras integram o Plano Operacional de Obra e Serviços aprovado pela ANAC e consistiram no fornecimento de material e mão de obra para a readequação dos 2.563 metros da pista de pouso e decolagem mediante investimentos de R$ 11,6 milhões de reais, dos quais R$ 9 milhões do Governo do Estado e R$ 2,6 milhões do Município. Um efetivo de 70 trabalhadores executou os serviços em 20 horas de trabalho por dia, divididos em dois turnos de 10 horas cada. Foram implantados 12 mil metros de drenagem, remoção de 10 mil metros cúbicos de terra através de mil viagens de caminhão, retirada de 7,6 mil toneladas de resíduos de asfalto e utilização de 22 mil toneladas de pedras e 26 mil toneladas de massa asfáltica.
 
Concluída, a nova pista agora comporta aviões de grande porte com até 200 passageiros incluindo aviões cargueiros. Entre as aeronaves que podem operar em Chapecó situam-se o Boeing 737/800 (da Gol) e Airbus A/320 (da Avianca). Será possível, ainda, a retomada de todas as operações com oito voos diários e movimentação média mensal de 23 mil embarques e desembarques. Para a ampliação dos serviços – voos e mais aeronaves – serão necessárias outras melhorias a exemplo da aquisição de mais um caminhão para o Corpo de Bombeiros e contratação de mais profissionais.
 
    TURISMO
 
A presidente do Chapecó e Região Convention & Visitors Bureau, Mirian Felippi, afirma que o setor turístico está sofrendo muito desde o fechamento do aeroporto. O faturamento das agências de viagens reduziu 60%. A realização de eventos caiu em 50%, os hotéis tiveram queda de pelo menos 30% e os restaurantes foram penalizados com redução de 20% a 30% de clientes.
 
“Temos toda a infraestrutura necessária para a realização de grandes eventos, mas o setor está sendo fortemente prejudicado com a falta do transporte aéreo. A reabertura do aeroporto de Chapecó é urgente e fundamental para o desenvolvimento econômico do município”, expõe.
 
    MERCOMÓVEIS 2012
 
O empresário Nivaldo Lazaron Júnior, presidente da comissão central organizadora da Mercomóveis 2012, maior feira do setor em Santa Catarina e uma das maiores do País, assinala: “hoje, todo o processo de vendas de passagens para visitantes e compradores aguarda a liberação dos voos. A Mercomóveis depende muito da estrutura aeroportuária, pois muitos clientes são de outros Estados e do exterior”.
 
Para a Rodada Internacional de Negócios a Mercomóveis espera visitantes de 15 países, por isso, o sucesso da feira depende do funcionamento do aeroporto. “Não há feira sem visitantes. Milhões em negócios estão em jogo e esperamos uma boa notícia em breve”, encerra.
 
    AGRONEGÓCIO
 
O prejuízo econômico e social da região com o fechamento do aeroporto municipal de Chapecó nesse período é incalculável, avalia o presidente da Coopercentral Aurora Alimentos e vice-presidente de agronegócio da Federação das Indústrias de Santa Catarina, Mário Lanznaster. Ele lamenta que eventos deixaram de ser realizados, muitos negócios foram adiados e viagens interrompidas.
 
Lanznaster realça que a comunidade regional sentiu o impacto econômico em todos os setores. O culminante crescimento de Chapecó e da região não abriga mais a ausência do transporte aéreo. “Precisamos que o aeroporto volte a funcionar o mais breve possível para que nossas empresas e instituições possam compensar as perdas dos últimos meses”, enfatiza.
 
    MUNICÍPIOS DO OESTE
 
O secretário executivo da Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (AMOSC), Paulo Utzig, lembra que o aeroporto Serafim Enoss Bertaso é um instrumento logístico de imensa contribuição regional. Observa que seu funcionamento reflete diretamente na economia do oeste de Santa Catarina, sudoeste do Paraná e noroeste do Rio Grande do Sul. 
Além disso, integra a Mesorregião da Grande Fronteira do Mercosul, que compreende 415 municípios, um programa apoiado pela AMOSC e que se enquadra dentro das prioridades do Governo Federal junto ao Ministério da Integração Nacional. “Todos os administradores municipais da microrregião defendem a imediata reabertura do aeroporto para reduzir o impacto e o transtorno causado no transporte de passageiros e na promoção de eventos”, conclui.
 
    COMÉRCIO
 
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Chapecó (CDL), Gilberto João Badalotti, revela que a sociedade, os empresários e todos os segmentos da economia chapecoense aguardam ansiosamente a reabertura do aeroporto municipal de Chapecó. “Esse tema, bem como o impacto da interrupção de suas atividades, tem sido amplamente debatido em todos os locais do município, uma vez que todos anseiam a imediata retomada de voos.”
 
Por ter uma elevada abrangência de atendimento, o aeroporto impacta diretamente na movimentação econômica regional. Badalotti calcula que 50% dos 23 mil passageiros mensais procedem de outros municípios e aproveitam para comprar no comércio local. Com isso são beneficiados hotéis, bares, restaurante, prestadores de serviços e os lojistas. A interrupção das atividades do aeroporto comprometeu negociações e eventos foram interrompidos ou cancelados. O presidente da CDL assevera que o comércio de Chapecó, como prestador de serviço, perdeu muito neste período, sendo imensurável o impacto econômico negativo.
 
O presidente do SICOM, Ivalberto Tozzo, declara: “O esforço coletivo para que as adequações solicitadas pela ANAC fossem atendidas no Aeroporto Serafim Enoss Bertaso em Chapecó não pode ficar à mercê das vontades políticas ou da burocracia estatal, pois a reabertura imediata do aeroporto é uma necessidade urgente, sob pena de acumularmos ainda mais perdas numa economia regional já fragilizada”.
 
    ÁREA DA SAÚDE
 
Chapecó se destaca pelo desenvolvimento industrial, turismo de negócios, pelo avanço na aérea de saúde, entre outros aspectos. No entanto, estes setores que estavam em constante desenvolvimento estão sendo fortemente prejudicados com a falta de infraestrutura aeroportuária.
 
O presidente da Unimed Chapecó, Geraldo Antunes Córdova, salienta que a reabertura do aeroporto de Chapecó é urgente porque representa a principal ponte de ligação aos centros urbanos, além de ser um meio de transporte essencial para visitantes e investidores que antes marcavam presença constantemente no município. O aeroporto beneficia não somente a cidade-polo do oeste como os demais municípios vizinhos que necessitam de transporte aéreo.