Relatório final da queda do voo 447 da Air France é inconclusivo
05/07/2012
Sai nesta quinta-feira (5), em Paris, o relatório final de uma das maiores tragédias aéreas da história da aviação: o acidente do voo 447, da Air France, há três anos. As informações do documento podem gerar uma longa briga na justiça.
Foram mais de três anos de angustia, saudades e muitas incertezas. E nada garante que todas as dúvidas serão sanadas. Os relatórios parciais, divulgados ao longo das investigações, e as informações que vazaram indicam que muitos pontos de interrogação ainda sobrevoam o Oceano Atlântico, na rota entre Rio e Paris, onde o Airbus da Air France se espatifou.
Aos parentes das vítimas cabe a questão mais sensível de toda a investigação: os passageiros sabiam que o Airbus A-330 estava caindo? Eles chegaram a sofrer? Ninguém pode garantir nada.
Para os técnicos, peritos e outros aviadores, uma dúvida também ficará para sempre no fundo do mar: por que os pilotos realizaram manobras erradas? Por que empinaram o avião, forçando o bico para cima até perder a sustentação em vez de forçá-lo para baixo para ganhar velocidade e tentar evitar a queda?
O relatório final, que será divulgado em Paris, vai admitir falhas técnicas nos sensores de velocidade que congelaram durante o vôo e levaram os computadores de bordo e os pilotos ao erro. Vai confirmar que a Air France não deu treinamento adequado à tripulação para aquele tipo de emergência. E vai responsabilizar os pilotos pela queda do avião no Oceano Atlântico em 31 de maio de 2009.
Na prática, será um relatório inconclusivo, pelas perguntas que deixa no ar e por incriminar quem já não está mais aqui para se defender. Os parentes das 228 pessoas que morreram afirmam que a luta deles por justiça não acaba hoje. Pelo contrário: o relatório servirá de munição.