Desafio agora é ser competitivo em preço para atrair clientes, diz presidente da Latam
As companhias aéreas Gol, Latam, Azul e VoePass informaram hoje que a demanda por voos cresce semana após semana no país. Mas ponderaram que a oferta ainda é maior que a demanda e os preços das passagens aéreas estão mais baixas do que antes da pandemia. Com isso, as empresas aéreas enfrentam um desafio de rentabilidade.
“Já choramos muito como indústria. Agora é tempo de olhar para frente. Infelizmente perdemos muito dinheiro. Agora é necessário encher os hotéis, encher os voos, recuperar o PIB [Produto Interno Bruto]”, afirmou John Rodgerson, presidente da Azul.
“O primeiro desafio na crise foi de liquidez, o que levou as empresas a renegociar contratos e reduzir custos. No caso da Latam, a companhia tomou a decisão de entrar em recuperação judicial. Conseguimos aprovação para um financiamento de US$ 2,45 bilhões, o que nos dá liquidez para entrar numa segunda fase. O desafio daqui para frente é de competitividade”, afirmou Jerome Cadier, presidente da Latam Brasil.
O executivo observou que há um excesso de capacidade no setor aéreo brasileiro e mundial. E as empresas têm adotado preços mais baixos para estimular as pessoas a voltarem a voar. “Nessa segunda fase, as empresas precisam ser muito eficientes para desempenhar um nível de preço que vá acelerar a demanda por passagens nacionais e internacionais”, acrescentou Cadier.
GOL
Outro executivo do setor, Paulo Kakinoff, presidente da Gol, também diz que já observa a volta da demanda. "O que falta a todos agora é gerar receita." O executivo citou o feriado de 7 de setembro como um divisor de águas para o setor aéreo.
“Acredito que o setor teve no fim de semana do 7 de setembro uma demanda equivalente a 60% a 70% do que teve no feriado do ano passado. Também houve aumento das viagens de carro. Todos esperamos para ver se haveria um aumento de casos de covid-19 nos 15 dias depois e não houve. Agora vemos uma demanda aquecida para o próximo feriado porque as pessoas viram que viajar é seguro”, afirmou Kakinoff.
O presidente da Gol disse que tem sido surpreendido toda semana com o aumento no volume de passageiros. A Gol estima fechar o ano com 70% a 80% do nível de passageiros que tinha em dezembro de 2019.
“A receita, no entanto, não acompanha o crescimento da demanda, porque as tarifas aéreas estão mais baixas.
Hoje a Gol divulgou dados de contaminação de tripulantes com covid-19: um tripulante em cada 1.106 decolagens. Esse número leva em conta tripulantes que voam até 30 horas por mês e têm contato com cerca de 2 mil pessoas nos voos.
“Isso comprova como as medidas de segurança adotadas pela indústria do setor aéreo tornaram o avião o meio mais seguro para viajar”, afirmou Paulo Kakinoff, presidente da Gol. O executivo acrescentou que não há comprovação de que os tripulantes tenham sido contaminados durante uma viagem.
Sem citar números, Latam Brasil e Azul informaram que têm um índice de contaminação semelhante. A VoePass informou que já fez 3 mil horas de voos desde o começo da pandemia e ainda nenhum tripulante seu testou positivo para covid-19.
Eduardo Busch, diretor-executivo da VoePass, disse que a empresa operava 47 destinos antes da pandemia e hoje já voa para 33 destinos. Em outubro, serão 35. A frequência de voos também será ampliada. “Esperamos bater 80% de produtividade até o fim do ano”, disse Busch.
(Esta reportagem foi publicada originalmente no Valor PRO, serviço de informações e notícias em tempo real do Valor Econômico)