Relatório da Justiça francesa aponta falhas em Airbus do voo 447
11/07/2012
Peritos da Justiça francesa disseram a familiares dos passageiros do voo da Air France que caiu no Atlântico em 2009 e matou 228 pessoas que a degradação dos sistemas do avião Airbus A330 foi preponderante no desastre. O relatório é sigiloso e a reunião desta terça-feira foi feita a portas fechadas no Palácio da Justiça, em Paris.
Segundo relatos de participantes da audiência, a perícia afirmou que os erros cometidos pelos pilotos não são uma "resposta satisfatória" para explicar a queda da aeronave e disseram que algumas falhas apresentadas pelo avião foram "inaceitáveis".
A Air France e a Airbus foram indiciadas sob suspeita de homicídio doloso (não intencional) em 2011.
A linha seguida pela perícia judicial é diferente da adotada pelo BEA, agência do governo francês que investigou o acidente para emitir recomendações de segurança no tráfego aéreo.
Na semana passada, o BEA divulgou seu relatório final listando falhas humanas e técnicas, mas enfatizou manobras erradas dos pilotos.
Conforme os participantes da reunião, os peritos da Justiça apontaram pelo menos dez falhas nos sistemas e instrumentos usados pela Airbus no avião A330.
FALHAS EM SÉRIE
Os peritos judiciais concluíram que os problemas começaram com o congelamento das sondas que medem a velocidade do avião, foram agravados pela pane no computador de bordo, alimentado com dados contraditórios.
Em seguida, alarmes funcionaram mal e instrumentos como o diretor de voo deram ordens erradas aos pilotos.
Após a desconexão do piloto automático, o diretor de voo indicava que o avião deveria subir, quando, na verdade, os pilotos deveriam ter direcionado a aeronave para baixo para recuperar velocidade e evitar a queda.
Assim como o BEA, o relatório judicial também apontou falhas no treinamento da Air France e não eximiu os pilotos de seus erros --como o fato de o comandante se ausentar da cabine sem distribuir claramente as funções entre os dois copilotos.
Conforme os relatos, também foi apontada omissão da Easa (Agência Europeia de Segurança Aérea) por não atualizar normas de segurança, mesmo com dezenas de registros de incidentes de perda de velocidade desde 2004.
"A menor responsabilidade foi da tripulação, que não estava treinada para aquela situação. Vários equipamentos falharam, transformando a cabine em uma discoteca diabólica", disse o advogado Carlos Villacorta, defensor de parentes de 41 vítimas.