Com alta de 28%, passagem aérea foi o item que mais subiu neste mês
Pelos dados do IBGE, as passagens aéreas subiram 28,17%, maior pressão no IPCA-15 de outubro, após alta de 8,20% em setembro. O item foi a principal surpresa do resultado do mês, mas é considerado volátil, avaliou o economista Luis Menon, da gestora de recursos Garde Asset Management.
A projeção preliminar da Garde Asset para o IPCA de outubro subiu de 0,42% para 0,44%. Menon prevê inflação de 5,7%, no fechamento de 2022, e de 4,1% em 2023.
Seis dos nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram altas de preços. Houve deflação em Transportes (-0,64%), Comunicação (-0,42%) e Artigos de Residência (-0,35%), mas o brasileiro gastou mais com Habitação (0,28%), Vestuário (1,43%), Educação (0,19%), Despesas Pessoais (0,57%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,80%) e Alimentação e Bebidas (0,21%).
A disparada, de 28,17% na passagem de setembro para outubro, foi a maior em um ano: em outubro de 2021, com a retomada do turismo depois da crise da covid-19, as passagens subiram 34,35% frente ao mês anterior.
A disparada de preços surpreendeu, e superou em muito a alta esperada pelos analistas. A Terra Investimentos estimava alta de 10% no mês, enquanto a expectativa da XP era de +15%. Já o Itaú projetava uma taxa 12 pontos percentuais menor.
Desde o começo do ano, as passagens aéreas acumulam alta de 36,37%. Em 12 meses, chega a 40,58%, de acordo com os dados do IBGE.
A alta nos preços das passagens vai na contramão do custo do querosene de aviação (QAV) – que representa mais de um terço dos custos totais das companhias aéreas.
Nos últimos três meses, a Petrobras anunciou três reduções no preço do QAV: -2,6% em agosto; -10,4% em setembro; -e 0,84% em outubro.
Houve recuo nos preços do leite longa-vida (-9,91%). Mas, apesar da redução, esse item ainda acumula alta de 42,52% no ano.
No grupo Saúde e Cuidados Pessoais, o destaque foi a alta no plano de saúde (1,44%), decorrente dos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos contratados antes da Lei n.º 9.656/98.
A economista Anna Reis, da gestora de investimentos Gap Asset Management, prevê que itens administrados pelo governo voltem a pressionar o IPCA em 2023, enquanto os serviços e os produtos industriais liderariam um movimento de trégua.
“Os industriais já moderaram bastante na margem, estão bem mais confortáveis devido à normalização da cadeia de ofertas e à reabertura da economia. Já os serviços serão o último grupo a desinflacionar”, projetou a economista.