Passagens aéreas poderão subir com dólar e petróleo sob efeito da guerra
Os efeitos de uma elevação ainda maior de custos já começam a entrar no radar de preocupações das companhias aéreas no Brasil. Mesmo sem atuação no leste europeu, sob o assombro da Guerra na Ucrânia, as empresas veem riscos para o preço das passagens diante da escalada do dólar e do preço do petróleo.
Além dos custos com os combustíveis, as oscilações da moeda americana interferem nos gastos com arrendamento, manutenção e seguro de aeronaves.
A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) diz que acompanha com atenção as cotações, justamente pelo efeito das variações sobre os custos do setor aéreo.
Oficialmente, a Latam diz apenas que não tem voos impactados pela situação até o momento. A Gol se posiciona por meio da entidade do setor.
Para a Azul, um eventual efeito no valor das passagens vai depender do impacto da guerra sobre o câmbio e sobre o dólar. A empresa diz que “suas operações seguem dentro da normalidade e sem nenhum impacto.”
Na rede social voltada a trabalho LinkedIn, Jerome Cardier, CEO da Latam, escreveu que combustível, câmbio, crédito e insumos são pontos de atenção e que merecem ser monitorados pelo setor.
“Pelas primeiras reações, o impacto nos custos das cias aéreas é inegável. Infelizmente na situação que está o setor, estes aumentos vão impactar os preços das passagens. É uma pena, especialmente em um momento no qual o que mais queremos é voltar a voar”, escreveu.
Entre os insumos, Cardier citou preocupações com o preço e a disponibilidade de commodities relevantes para a indústria, como é o caso do titânio usado na fabricação de aviões. No mercado de capitais, ele cita a disponibilidade de crédito, que pode ficar reduzida.
“E a grande dúvida de todos é quanto tempo isto vai durar”, escreveu o executivo. “Aquele horizonte de longo prazo não existe mais. Temos que reagir rápido no curto prazo e ajustar a oferta em função destes custos.”
Os preços de combustíveis já vinham colocando o setor sob pressão. No Brasil, entre 33% e 35% do custo da atividade vem do querosene para aviação, que segue as oscilações do preços do petróleo. A média mundial é de 22%.
Em janeiro, os preços das passagens aéreas para o consumidor caíram 18,35%, mas ainda acumulam alta de 19,92% em 12 meses, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), acima do índice geral, em 10,38%.
O dólar, principal balizador dos custos das aéreas, subiu 2,01% na quinta (24).
Dados mais recentes da Anac (Agência Nacional de Aviação CIvil), referentes ao terceiro trimestre de 2021, mostram que a elevação do combustível de aviação chegou a 56,6%, em média, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A Iata (associação internacional de transportes aéreos) diz que vem coletando informações com fontes governamentais e não governamentais para ajudar as companhias aéreas em seus planos de operação a partir do fechamento do espaço aéreo na Ucrânia e em partes da Rússia.
“A escalada dos eventos é profundamente triste. Esperando por uma solução pacífica em breve. Para a aviação, segurança é sempre a principal prioridade.”
Nesta semana, com o avanço das tropas russas em direção à Ucrânia, o espaço aéreo na região também ganhou atenção. Por meio do site Flight Radar, que disponibiliza a visualização do tráfego de aviões em todo o mundo, usuários das redes sociais acompanharam e compartilharam desde o isolamento do espaço aéreo ucraniano até a chegada de aviões de outros países à região.