Azul e GOL se preparam para o aumento de viagens domésticas e internacionais
Com o país passando da metade da população vacinada, os brasileiros tendem a viajar cada vez mais nos próximos meses. Já esperando níveis mais altos na alta temporada, as companhias Azul e GOL estão se preparando para o aumento de viagens principalmente de férias.
Com estratégias diferentes, ambas estão em concordância de que a alta temporada trará um número maior e talvez até mais do que esperado em viagens tanto domésticas como internacionais. As viagens internacionais estão sendo retomadas a medida que as restrições estão sendo retiradas.
Ao longo dos meses da pandemia, a Azul manteve uma operação maior para atender o maior número de cidades possível dentro do que a demanda permitia. A companhia tem mais destinos regionais em sua malha do que outras empresas no Brasil. Como comparação, a Azul hoje opera voos para 130 destinos, esse número é maior do que em 2019 antes da pandemia.
No mês de setembro, como resultado da crescente demanda aliada a vacinação e o desejo dos brasileiros em viajar, a Azul registrou 8,7% a mais em sua receita de passageiros em comparação ao mesmo mês de 2019.
“Em 2019, [o crescimento do mercado] nos EUA e na Europa e em outras partes do mundo … estagnou ligeiramente, mas o Brasil estava crescendo tremendamente”. Disse John Rodgerson à FlightGlobal durante o ALTA Leaders Fórum.
“Talvez a taxa de crescimento tenha mudado, mas ainda é um mercado em crescimento, como será o Brasil em 2023 ou 2024? Acho que vai ser muito maior do que 2019.” Completou o executivo.
Diferente da Azul, a GOL adotou uma estratégia mais conservadora, mantendo operações com conexões diretas ou partindo do Aeroporto de Guarulhos com uma frota menor. A medida que a demanda aumentava e a pandemia reduzia seus níveis, a companhia foi reativando destinos e voos a partir de outros centros como Brasília e Fortaleza.
Durante a pandemia, a GOL não operou voos internacionais nem mesmo para destinos na América do Sul onde a companhia tem uma boa presença. Segundo Richard Lark no ALTA Leaders Fórum, a empresa pretende restabelecer cinco bases principais de voos e também aumentar a oferta conforme os viajantes corporativos também retomem suas viagens a trabalho.
“O quarto trimestre será um pivô para nós em dois sentidos: as grandes contas corporativas estão voltando, e estaremos totalmente envolvidos em nossa transição da frota do Boeing 737NG para a MAX.” Disse Richard Lark, Diretor Financeiro da GOL.
Segundo o executivo, a companhia brasileira espera encerrar o ano com 22 aeronaves Boeing 737 MAX e totalizando 100 aeronaves NG e MAX em operação, dobrando o número de novas aeronaves para o próximo ano. Com isso, a GOL também espera restabelecer toda a sua malha doméstica para depois seguir com o plano de retomada internacional.
“Agora temos que priorizar o atendimento ao mercado interno brasileiro. Não temos capacidade excedente agora para nos concentrarmos nas rotas internacionais.” Afirma Lark.
No próximo mês a GOL deverá retomar os voos para Montevidéu no Uruguai e Cancún, ainda em poucas operações. No primeiro trimestre de 2022, a companhia planeja retomar voos entre o Brasil com a Argentina e o Chile. Os voos para os EUA deverão ser retomados no segundo trimestre do próximo ano.
A Azul vê com bons olhos a reabertura das fronteiras para os EUA, com o consulado norte-americano voltando a emitir vistos para brasileiros a partir do dia 8 de novembro. Segundo John, a companhia está pronta para retomar as viagens.
“Espero que, no próximo ano, possamos reconstruir [nossa rede nos Estados Unidos] para os brasileiros. Eu brinco que os brasileiros compram de tudo, de roupas íntimas a iPhones, nos Estados Unidos. E assim que a fronteira for aberta, haverá um grande fluxo de pessoas indo.” Disse o CEO.
Com relação a pandemia de Covid-19, tanto Richard Lark como John Rodgerson disseram que a situação global fez com que diversas perspectivas de suas empresas fossem mudadas.
John se diz decepcionado com a falta de aporte e ajuda do governo com as companhias aéreas. “Somos muito importantes para esta economia. Vimos o que as companhias aéreas de outros países estavam obtendo e, na verdade, estamos competindo com essas empresas americanas e europeias”.
“Estou muito orgulhoso de que realmente superamos isso sozinhos e conseguimos que a companhia aérea voasse para níveis anteriores à Covid-19 mais rápido do que a maioria das outras companhias aéreas do mundo”. Completou.
Richard Lark lembrou dos vários dias em que foi trabalhar com o escritório vazio, o executivo enfrentou com todas as dificuldades os sentimentos de impotência diante do cenário desafiador para a GOL e o setor.
“Sempre tive que lembrar à minha equipe que não podemos resolver todos os problemas do mundo. Não podemos resolver a pandemia para todos em um dia. Mas podemos resolver os pequenos problemas. E só podemos resolver os problemas de hoje. Não podemos resolver os problemas de amanhã hoje. Foi bom focar nesse propósito”, disse Lark.