Argentina reabre a fronteira aérea aos países vizinhos com foco no Brasil
O governo argentino reabrirá a partir desta sexta-feira (1) a fronteira aérea com os países vizinhos, mas com foco no Brasil, país que recebe o maior número de turista argentinos e que envia mais viajantes para a Argentina. Na prática, as condições para que os turistas dos dois países cruzem a fronteira só devem melhorar a partir de 1º de novembro, quando a Argentina, se abrirá a todos os estrangeiros, sem exceção, e quando as frequências de voos serão ampliadas.
"A reabertura ao turismo, com os países limítrofes agora e com o turismo internacional em novembro, será um dos grandes pilares para a recuperação econômica da Argentina", disse o ministro do Turismo e do Esporte da Argentina, Matías Lammens, nesta quinta-feira (30), na prévia da reabertura das fronteiras aos países vizinhos.
Desde o começo da pandemia, apenas durante um breve período, entre 2 de novembro e 25 de dezembro, a Argentina permitiu a entrada de turistas estrangeiros, mas apenas dos países com os quais faz fronteira: Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile.
A reedição dessa estratégia começa nesta sexta-feira, mas, desta vez, o governo garante que as fronteiras serão reabertas também às demais nacionalidades a partir de 1º de novembro.
Exigências de entrada no país
Para entrar no país, um turista precisará preencher uma declaração juramentada na qual apresentará o esquema de vacinação completo com, no mínimo, 14 dias de vigência desde a segunda dose.
Além de um exame PCR negativo feito nas 72 horas prévias ao embarque, quando o turista aterrissar na Argentina, passará por um teste de antígeno (teste rápido) e deverá fazer um novo PCR entre o 5º e o 7º dia de permanência no país.
Esses dois exames devem ser pagos pelo próprio turista. O teste de antígeno no aeroporto custa US$ 25. Essas exigências isentam o turista de uma quarentena obrigatória.
Quem não tiver um esquema completo de vacinação poderá entrar na Argentina, mas terá de passar uma semana em isolamento.
No entanto, quando a Argentina atingir o limiar de 50% da sua população completamente vacinada, as exigências de um teste de antígeno e de um novo PCR desaparecerão.
Abertura gradual
O país completou setembro com 49,2% da sua população vacinada. Alcançar os 50%, portanto, pode ser questão de horas. O governo prefere trabalhar com uma meta de duas semanas porque serão depois necessários outros 14 dias para o desenvolvimento de anticorpos.
Quando a exigência de testes de antígeno for abolida, as frequências de voos aumentarão. Atualmente, o intervalo entre um voo e outro é de duas horas, necessárias para testar e controlar todos os passageiros.
Por esse motivo, o país só permite até 2.300 passageiros por dia (16.100 por semana) no aeroporto de Buenos Aires, até agora a única porta possível de entrada no país. Esse limite diário de passageiros, equivalente a apenas 6,5% do fluxo diário que o país recebia antes da pandemia, será retirado quando o teste de antígeno for eliminado.
O decreto publicado na madrugada desta sexta-feira indica que o limite de 2.300 passageiros por dia, passará a 3.000 entre os dias 4 e 10 de outubro (21 mil por semana). A partir do dia 11 de outubro e até os 14 dias depois de o país atingir 50% da população completamente vacinada, o limite diário passará a 4.000 (28 mil por semana).
"Depois de 14 dias da data em que nosso país atingir uma cobertura de 50% da população com o esquema completo de vacinação, não será aplicado nenhum limite de nenhum tipo", diz o decreto.
Poucos voos
As companhias aéreas ainda não contam com tempo prévio suficiente para programar e comercializar voos. Isso reforça o horizonte de novembro como o mês em que o setor pode começar a ter as autorizações de voo normalizadas.
"A partir do decreto desta sexta-feira começaremos a dar previsibilidade para as companhias aéreas. A partir disso, vamos trabalhar para que haja mais voos internacionais", afirmou Lammens.
Das companhias que atualmente ainda mantêm voos entre Brasil e Argentina, a Aerolíneas Argentinas obteve autorização para duas frequências semanais entre Buenos Aires e São Paulo até 15 de outubro. A Aerolíneas Argentinas pediu autorização para três voos semanais ao Rio de Janeiro em novembro e quatro em dezembro.
A Latam só foi autorizada a realizar cinco voos nos dias 1, 3, 8, 10 e 15 de outubro entre São Paulo e Buenos Aires. A Turkish Airlines só voará nos dias 5 e 12 de outubro entre Buenos Aires e São Paulo.
As companhias brasileiras Azul e Gol continuam sem voar a Buenos Aires. A Gol só pretende retomar os voos em dezembro.
Brasileiros são prioridade
O ministro Matías Lammens disse esperar que o volume maior de turistas seja de brasileiros, responsáveis pela metade dos turistas estrangeiros na Argentina e aqueles que mais gastam.
Em 2019, 1,4 milhão de brasileiros visitaram a Argentina e gastaram, em média, US$ 114 diários. Do outro lado da fronteira, os 2,5 milhões de argentinos, equivalentes a 40% dos estrangeiros, visitaram o Brasil, onde gastaram US$ 57 por dia.
O governo argentino avalia um leque de medidas para incentivar o turismo estrangeiro. Entre as opções, está um plano de conceder descontos de até 100% em passagens aéreas adquiridas através da companhia estatal Aerolíneas Argentinas ao turista que comprovar um determinado número de diárias em hoteis.
Outra opção é levar à esfera internacional uma oferta aplicada com sucesso para incentivar o turismo doméstico em tempos de pandemia. Metade dos gastos com passagens aéreas e com hoteis retornam como crédito ao turista para uma segunda viagem no ano seguinte.
"Acreditamos que vamos encher a Argentina de turistas estrangeiros e estamos trabalhando para que isso aconteça", indicou o ministro do Turismo, Matías Lammens.
Mas o decreto também abre as portas para que todo o horizonte mude rapidamente caso o cenário de queda de contágios mude: "A Administração Nacional de Aviação Civil poderá suspender autorizações e permissões concedidas às operações de transporte aéreo de passageiros em voos diretos à Argentina, considerando o seu país de origem ou de destino, perante novas linhagens, de acordo com a avaliação da autoridade sanitária nacional em relação à situação epidemiológica".