Pilotos ‘aterrados’ inundam recrutadores com currículos
Quando a empresa britânica Goose Recruitment iniciou uma campanha recentemente para encontrar 30 pilotos de aviões de carga 737 da Boeing para um cliente na Europa, 400 currículos foram enviados em 48 horas. A maioria dos candidatos costumava pilotar jatos comerciais de passageiros.
“Antes da Covid, a maioria dos pilotos torceria o nariz para voos de carga”, disse o CEO da Goose, Mark Charman, em entrevista de seu escritório em Southampton, na costa sul da Inglaterra.
Essa demanda é mundial, com pilotos desesperados e aterrados pela pandemia há mais de um ano que agora disputam os poucos novos empregos em aviação no mercado em um último esforço para salvar suas carreiras.
A Wasinc International , que recruta pilotos estrangeiros para companhias aéreas chinesas e japonesas, está recebendo tantos e-mails de candidatos desempregados que não precisa mais anunciar os postos que tenta preencher. Os currículos chegam de países como Brasil, México, Canadá e também da Europa, e o volume cresceu pelo menos 30 vezes em relação ao período pré-vírus, disse o CEO da Wasinc, Dave Ross, em entrevista de sua casa em Las Vegas.
Embora a recuperação das viagens aéreas domésticas dos EUA traga certa esperança, a busca por emprego reflete uma indústria dizimada pela crise. Os cortes de emprego temporários e permanentes nas quatro maiores operadoras dos Estados Unidos ultrapassaram 150 mil no ano passado, incluindo pilotos e outros funcionários. A capacidade global de companhias aéreas ainda está 31% abaixo dos níveis normais, de acordo com a consultoria OAG.
Ondas causadas pela variante delta também ameaçam atrasar a recuperação das viagens, o que poderia trazer mais problemas para a indústria à medida que os pilotos deixam o mercado definitivamente para se aposentar, procuram outro trabalho ou quando suas qualificações de voo expiram. Isso poderia causar uma escassez de pilotos qualificados quando uma recuperação mais firme ocorrer.