Mulheres pedem igualdade de salários em protestos pelo mundo
Mulheres no mundo todo programaram greves em mais de 50 países para marcar o Dia Internacional dedicado a elas, um dos mais politizados dos últimos tempos.
Na Itália, o Dia da Mulher junta o protesto feminino a uma greve dos transportes de 24 horas, promovida pelos sindicatos. Enquanto os trabalhadores dos transportes protestam contra cortes, as mulheres pedem igualdade de salários e de representação nas empresas e governos.
As organizadoras da Greve Internacional de Mulheres juntaram forças com as coordenadoras da Marcha das Mulheres, que em janeiro, um dia depois da posse do presidente americano Donald Trump, reuniram mais de dois milhões de pessoas em protestos no mundo todo por igualdade.
A mensagem foi defendida pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Ele acredita que a única maneira de proteger as mulheres é aumentando a participação delas nas instituições governamentais, nos sistemas políticos, na comunidade empresarial e até nas negociações de paz.
Há 60 anos, quando a União Europeia foi fundada, a igualdade entre mulheres e homens foi incorporada no Tratado de Roma como um dos valores fundamentais do bloco. A situação da mulher na Europa melhorou em alguns aspectos, mas ainda está longe de garantir a igualdade de direitos.
Em Nova York também houve manifestações e uma delas, em especial, chamou muito a atenção. É uma escultura para simbolizar a força das mulheres. Ela foi colocada em Wall Street, a rua do mercado financeiro.
A escultura foi chamada de "a menina sem medo" e faz parte de uma campanha publicitária de uma empresa de investimentos, mas serve para representar a força que têm as mulheres em cargos de liderança. Além disso, é uma forma de protesto. Apenas 4% dos cargos de liderança nas 500 maiores empresas americanas são ocupados por mulheres.
Direitos iguais?
No Dia Internacional da Mulher, uma pesquisa do Instituto Ipsos mostrou como o mundo está encarando a questão da igualdade entre homens e mulheres. A maioria das pessoas acredita em uma oportunidade igual para mulheres e homens, mas a desigualdade ainda existe.
Mais de 17 mil pessoas foram entrevistadas em 24 países, a maioria acredita em oportunidades iguais e 58% se definiram como feministas. As mulheres acreditam mais nisso dos que os homens. Mas quando a pergunta foi se existe igualdade? Sete em cada dez, ou seja, a maioria, admitem que a desigualdade ainda existe quando fala em direitos sociais, políticos e econômicos.
“Parece contraditório, mas faz sentido. Há um ganho de consciência, que direitos deveriam ser iguais para homens e para mulheres. E quando a população ganha essa consciência, ela percebe cada vez mais que as diferenças são muito grandes”, afirma Narayana Andraus, gerente da Ipsos.
A pesquisa mostrou ainda que 26% das mulheres têm medo de se expressar e de defender a igualdade de direitos. Para as brasileiras, isso acontece porque elas temem sofrer retaliações. Quando questionados se as mulheres não deveriam trabalhar para ficar em casa cuidado da casa e dos filhos, 15% dos brasileiros concordaram.