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Domingo, 24 de Novembro de 2024

Problemas mentais afastam oito guardas-civis por dia em SP

07/02/2017

Por dia, ao menos oito guardas-civis metropolitanos (GCMs) são afastados por problemas mentais na cidade de São Paulo. Foram 3.217 licenças no ano passado, de acordo com os dados da Secretaria Municipal de Gestão da Prefeitura. É a taxa mais alta de afastamento de servidores da segurança desde, pelo menos, 2008. O número praticamente dobrou em relação a 2015, quando houve 1.762 casos.

 

Na prática, o efetivo de 5.800 guardas-civis, que já é considerado abaixo do aceitável pela categoria, fica comprometido. Uma estimativa do Sindicato dos Guardas-Civis Metropolitanos de São Paulo (Sindguardas) aponta ainda que ao menos 900 GCMs estão em funções readaptadas, ou seja, não podem trabalhar na rua e fazem a ronda de suas bases ou se ocupam de trabalhos administrativos.

Em dez anos, o número de guardas não aumentou na cidade. Ao mesmo tempo, as atribuições se diversificaram: foram criadas três inspetorias da guarda florestal do Município com efetivo de 700 pessoas e uma da Cracolândia com pelo menos 250 pessoas. Além disso, outros 800 agentes passaram a atuar no combate ao comércio informal.

Concurso público

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) havia prometido nomear 1.500 servidores até o fim do mandato, de um concurso realizado em 2013, mas só chamou cerca de 800. Antes disso, o último processo seletivo ocorreu em 2003. A gestão do prefeito João Doria (PSDB) deve contratar o restante dos aprovados.

O atual governo também tem deslocado os servidores para agir contra pichadores. Para resolver os problemas no Município e atender a novas demandas, a Prefeitura costuma reduzir o efetivo de uma área para aumentar em outra. A prefeitura tirou guardas das escolas municipais para fiscalizar camelôs e multar motoristas com radar-pistola.

O GCM Marco Antonio (nome fictício), de 38 anos, está há 15 anos na corporação e tirou em 2016 a segunda licença por problemas psicológicos. “Ficava cuidando de uma escola, me mandavam fazer operação com camelô e depois voltar para a unidade. Estava sempre no limite, pois era remanejado com frequência e sequer tinha suporte para ir embora, por mais longe que fosse o trabalho.”