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Domingo, 24 de Novembro de 2024

Na crise, projeto qualifica mulheres para funções ditas masculinas

26/01/2017

Em tempos de crise, mulheres estão se qualificando para ocupar vagas ditas masculinas no Tocantins. Isso porque segundo um estudo realizado pela Secretaria de Trabalho e Assistência Social do estado, as vagas disponíveis no mercado nesse momento são para trabalhos marjoritarimente preenchidos por homens.

Para estimular mulheres que estão fora do mercado de trabalho e querem se capacitar para terem chance de competitividade com os homens, surgiu o projeto "Jeito de mulher", que oferece cursos de qualificação em áreas como alimentação, construção civil e automotiva, como é o caso do curso de mecânica de manutenção de motocicletas.

"A ideia veio quando fizemos uma análise dentro do nosso banco de dados e percebemos que as nossas mulheres estavam ficando aquém das ofertas de trabalho que estavam a aparecendo em nosso sistema. A partir daí foi feito um estudo dessa necessidade de trazermos as nossas mulheres para outros mercados de trabalho que estavam com a potencialidade aberta. Dentre eles aqueles tipos ditos masculinos", explica secretária da Setas Patrícia Rodrigues do Amaral.

A açougueira Luciana Alves Silva tem vocação para o trabalho. Ela descobriu o interesse pela profissão lá pelos 20 anos, quando trabalhava de atendente no açougue do cunhado. Quanto mais observava o trabalho dos açougueiros, mais aumentava a vontade de ser como um deles. Então, ela experimentou gostou e seguiu em frente. Nem se preocupou com aquela história de que açougueiro é profissão de homem.

"Não tem questão de sexo. A mulher também pode. É uma profissão que não é tão pesada. Então qualquer um pode", opina.

A família apoiou a escolha da Luciana sem pensar duas vezes. Agora, é bem verdade que as opiniões dos clientes atendidos por ela variam. "Tem cliente que fica com receio porque eu sou mulher. Tem gente que fica admirada porque é difícil ver mulher açougueira. Tem muito elogio", diz.

O comerciante Moisés Inácio Gomes que não deixa a Luciana mentir. "Mulher também tem que se inserir para saber quanto o homem trabalha duro, para entender e dar valor aquilo que a gente consegue colocar dentro de casa"

Antenada com a possibilidade de empreender na área automotiva, a cozinheira Elisabeth não deixou a oportunidade passar e está tirando de letra. "A partir do momento que a gente vai pegando conhecimento, vai aprendendo, a gente acha mais fácil porque o professor vai ensinando algumas técnicas e fica muito prático, não é difícil. Não é uma coisa de homem, é para mulher também", afirma.

A Solange Alves, que é técnica em enfermagem, pensa da mesma forma. Trabalho pesado para ela é outra história. "Os homens têm aquela teoria de que mulher é sexo frágil, mas nós cuidamos da casa, dos filhos, trabalhamos fora."

E com mulheres tão engajadas, o resultado das aulas não poderia ser melhor. "O público feminino têm uma tendência a ser mais detalhista e por isso acredito que profissionalmente o resultado vai ser muito melhor", diz o professor do curso, José Antônio Wolfe.