Na crise, projeto qualifica mulheres para funções ditas masculinas
Em tempos de crise, mulheres estão se qualificando para ocupar vagas ditas masculinas no Tocantins. Isso porque segundo um estudo realizado pela Secretaria de Trabalho e Assistência Social do estado, as vagas disponíveis no mercado nesse momento são para trabalhos marjoritarimente preenchidos por homens.
Para estimular mulheres que estão fora do mercado de trabalho e querem se capacitar para terem chance de competitividade com os homens, surgiu o projeto "Jeito de mulher", que oferece cursos de qualificação em áreas como alimentação, construção civil e automotiva, como é o caso do curso de mecânica de manutenção de motocicletas.
"A ideia veio quando fizemos uma análise dentro do nosso banco de dados e percebemos que as nossas mulheres estavam ficando aquém das ofertas de trabalho que estavam a aparecendo em nosso sistema. A partir daí foi feito um estudo dessa necessidade de trazermos as nossas mulheres para outros mercados de trabalho que estavam com a potencialidade aberta. Dentre eles aqueles tipos ditos masculinos", explica secretária da Setas Patrícia Rodrigues do Amaral.
A açougueira Luciana Alves Silva tem vocação para o trabalho. Ela descobriu o interesse pela profissão lá pelos 20 anos, quando trabalhava de atendente no açougue do cunhado. Quanto mais observava o trabalho dos açougueiros, mais aumentava a vontade de ser como um deles. Então, ela experimentou gostou e seguiu em frente. Nem se preocupou com aquela história de que açougueiro é profissão de homem.
"Não tem questão de sexo. A mulher também pode. É uma profissão que não é tão pesada. Então qualquer um pode", opina.
A família apoiou a escolha da Luciana sem pensar duas vezes. Agora, é bem verdade que as opiniões dos clientes atendidos por ela variam. "Tem cliente que fica com receio porque eu sou mulher. Tem gente que fica admirada porque é difícil ver mulher açougueira. Tem muito elogio", diz.
O comerciante Moisés Inácio Gomes que não deixa a Luciana mentir. "Mulher também tem que se inserir para saber quanto o homem trabalha duro, para entender e dar valor aquilo que a gente consegue colocar dentro de casa"
Antenada com a possibilidade de empreender na área automotiva, a cozinheira Elisabeth não deixou a oportunidade passar e está tirando de letra. "A partir do momento que a gente vai pegando conhecimento, vai aprendendo, a gente acha mais fácil porque o professor vai ensinando algumas técnicas e fica muito prático, não é difícil. Não é uma coisa de homem, é para mulher também", afirma.
A Solange Alves, que é técnica em enfermagem, pensa da mesma forma. Trabalho pesado para ela é outra história. "Os homens têm aquela teoria de que mulher é sexo frágil, mas nós cuidamos da casa, dos filhos, trabalhamos fora."
E com mulheres tão engajadas, o resultado das aulas não poderia ser melhor. "O público feminino têm uma tendência a ser mais detalhista e por isso acredito que profissionalmente o resultado vai ser muito melhor", diz o professor do curso, José Antônio Wolfe.