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Domingo, 24 de Novembro de 2024

OBESIDADE INFANTIL: UM PROBLEMA NO MUNDO

08/08/2016

A organização mundial de saúde aponta a obesidade infantil como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção e que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões obesos. Já o número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo pode atingir 75 milhões de pessoas caso nada seja feito. Em 2012, a (OMS) divulgou que mais de 40 milhões de crianças no mundo com menos de 5 anos estão acima do peso. A prevalência mundial de sobrepeso e obesidade infantil aumentou de 4,5% em 1990 para 6,7% em 2010 e está estimada para 12,1% em 2020, ou seja, cerca de 60 milhões de pessoas.

Dados do IBGE apresentaram um aumento importante no número de crianças acima do peso no Brasil, um terço das crianças de 5 a 9 anos; um quinto dos adolescentes e mais da metade dos adultos em todo o mundo está com excesso de peso. O número de meninos acima do peso mais que dobrou entre 1989 e 2009, passando de 15% para 34,8%. Já o número de obesos aumentou mais de 300% nesse mesmo grupo etário, indo de 4,1% em 1989 para 16,6% em 2009. Já as meninas tiveram uma variação ainda maior, saltando de 2,4% para 11,8% no mesmo período. No Brasil, os dados apontam 7% de desnutrição e 20% de obesidade.

No país, 33,5% das crianças de cinco a menores de nove anos apresentam excesso de peso, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares, POF 2008-2009. O mesmo percentual atinge os adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos com sobrepeso (33,5%), sendo que 8,4% estão obesos, segundo o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes, ERICA -2015. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013, apontam que 56,9% dos adultos com 20 anos ou mais estão com excesso de peso. O percentual é maior entre as mulheres, 59,8% e entre homens 57,3%. Quando avaliados dados de obesidade, 20,8% dos adultos estão obesos. Sendo 17,5% entre os homens e 25,2% nas mulheres brasileiras. 

O Brasil tem trabalhado para conter esse avanço. Em julho deste ano, o Ministério da Saúde assinou portaria em que garante que nenhum recurso da pasta seja empregado para aquisição de alimentos não saudáveis, iniciativa que será ampliada para todas as instituições do Sistema Único de Saúde. O material abrange tanto as refeições disponibilizadas no restaurante do Ministério quanto nas cantinas e as refeições dos eventos realizados pelo órgão. A medida prevê o incentivo ao consumo de alimentos in natura e proíbe a venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o consumo.

 

O que é obesidade infantil?

De acordo com a endocrinologista Cristiane Couto, a obesidade infantil ocorre quando uma criança está acima do peso normal para sua idade e altura. Já em adultos, essa definição é medida pelo índice de massa corporal, (IMC), calculado a partir do peso e a altura do paciente. “Se o resultado der acima de 25 o paciente é classificado com sobrepeso e acima de 30 com obesidade, que pode variar do 1° ao 3° grau. Já em crianças e adolescentes, a faixa de normalidade é calculada pelo gráfico de crescimento. Acima de 85 é considerado sobrepeso e acima de 95 obesidade”, explicou. 

Ainda segundo a especialista, um dos principais motivos para o aumento de crianças acima do peso, ou obesas, está relacionado à má alimentação e à falta de exercícios físicos, levando em conta que atualmente a maior parte de crianças e adolescentes ingere produtos industrializados e gordurosos e não pratica mais atividades ao ar livre, preferindo se entreter com computadores e videogames. “É muito mais simples, rápido e barato consumir industrializados. Com isso, aumentou o consumo em fast foods e alimentos com condimentos, conservantes, poucos nutrientes e muito calóricos. O lanche das crianças se resume em hambúrguer com batatas fritas e refrigerante alternado com pizza e suco de caixinha. E a criança que leva uma fruta para o lanche do colégio sofre bulling, porque é diferente. Os conceitos estão invertidos e isso precisa ser mudado rápido”, alertou.

Os quilos extras podem causar complicações crônicas para as crianças até a vida adulta, mesmo se a obesidade for revertida nesse tempo. Doenças como diabetes, hipertensão, dislipidemia e depressão são algumas consequências da obesidade infantil não tratada. “Saiba dizer não! A criança come aquilo que compramos e damos para elas. Portanto não compre! Deixe as guloseimas para sábado e domingo e durante a semana mantenha uma alimentação equilibrada e saudável”, aconselhou. 

 

Má alimentação e sedentarismo não são os únicos vilões 

Embora 90% da obesidade infantil seja provocada por má alimentação aliada ao sedentarismo, o problema identificado em pessoas que não possuem esses hábitos, os outros 10% dos casos, precisam ser investigados e descartados, ou tratados quando são diagnosticados. Já 1% ocorre por causas genéticas, como Síndrome de Prader Willi, Bardet Biedl e Alstrom. Outras causas podem ocorrer por distúrbios hormonais como hipotireoidismo, síndrome de Cushing, alterações do hormônio do crescimento e lesões no Sistema Nervoso Central.

Além disso, alguns sinais como, por exemplo, a acantose nigricans, ou seja, manchas escurecidas encontradas na nuca, axilas e dobras do cotovelo são sinais iniciais de resistência insulínica que podem levar ao diabetes. Portanto, uma avaliação endocrinológica pode ser fazer necessário.

 

Dicas para o dia a dia 

Algumas ações no dia a dia podem ajudar a evitar problemas na alimentação. É importante, por exemplo, que se mantenha um horário adequado e regular para as refeições, evitando omissão e jejum prolongado. Coma devagar e mastigue bem. Isso faz com que hormônios sacietogênicos sejam liberados na circulação sanguínea e a satisfação ocorra mais adequadamente. Já comendo rápido não dá tempo desse mecanismo ocorrer.

Coma sem nenhuma outra distração. Nada de celular ou televisão na hora de se alimentar. Isso permite que a pessoa se concentre mais no alimento e mastigue corretamente. Não pule o café da manhã, pois é a principal refeição do dia após um período prolongado de jejum noturno. Quem não faz desjejum tem maior tendência à obesidade. Evite refrigerantes, sucos industrializados, frituras e açúcar refinado. Beba água ou qualquer outro líquido somente 30 minutos após as refeições. Isso evita que o alimento seja empurrado para o intestino antes de ser digerido corretamente, portanto diminui a saciedade. O ideal e tomar água antes de se alimentar.

“Mude o hábito da família. Não adianta mudar o hábito da criança se o resto da família continua sem praticar atividades e se alimentando mal. Saúde é para todos”, ressaltou a médica endocrinologista Cristiane Couto.